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O Papel Do Molibdênio Na Atividade Enzimática

Escrito por   | 11 de setembro de 2022

O molibdênio é um mineral vital para o organismo, embora seja necessário em baixas quantidades. Está ligado com a atividade enzimática, assimilação de macronutrientes e eliminação de toxinas. Deve ser obtido, preferencialmente, por meio dos alimentos, pois sua alta dosagem gera prejuízos como a deficiência de cobre e gota.

Confira mais detalhes sobre a importância do molibdênio para a saúde e os alimentos que o oferecem em boas concentrações.

O Que É O Molibdênio?

Molibdênio
Espinafre em uma vasilha

O molibdênio pertence ao grupo dos oligoelementos, ou seja, o organismo precisa apenas em quantidades mínimas. Porém, sua indisponibilidade é letal. 

Na natureza, o molibdênio é muito abundante nos oceanos na forma do ânion molibdato. Já nos solos, o ânion molibdato é a única forma de molibdênio disponível para bactérias, plantas e fungos. Mais de 50 enzimas conhecidas são dependentes do molibdênio, sendo que a grande maioria é encontrada em bactérias e, apenas sete foram identificados em células eucariontes. No entanto, isso não diminui sua importância para a saúde humana.

No corpo, o molibdênio é usado para a manutenção do metabolismo saudável, e está ligado com a atividade enzimática, quebra de macronutrientes e eliminação de toxinas. Está relacionado, inclusive, com o metabolismo do ferro, nutriente indispensável para funções como o transporte de oxigênio, sustentação dos níveis de energia, regulação do crescimento e funções imunológicas e cognitivas.

O Molibdênio E A Atividade Enzimática

Embora necessário em poucas quantidades – cerca de 45 microgramas por dia já são suficientes para adultos –, décadas de pesquisa mostraram que o molibdênio tem um papel muito interessante como parte de um cofator essencial para várias enzimas muito importantes e, sem este mineral, a vida não poderia ser sustentada.

O molibdênio é um cofator para pelo menos 4 enzimas: sulfito oxidase, xantina oxidase, aldeído oxidase e componente redutor da amidoxima mitocondrial (mARC). Em cada caso, ele está ligado a um componente orgânico chamado molibdopterina, formando o cofator de molibdênio.

  • O cofator de molibdênio à base de pterina (Moco) é um grupo protético redox ativo encontrado no sítio ativo de enzimas importantes, e desempenha um papel essencial em quase todos os organismos. 
  • A sulfito oxidase catalisa a reação terminal na degradação dos aminoácidos sulfurados cisteína e metionina.
  • A xantina oxidase catalisa a oxidação das purinas em ácido úrico. 
  • A aldeído oxidase pode estar envolvida no metabolismo da niacina e a sulfito oxidase oxida o sulfito a sulfato para excreção final na urina.
  • Já o componente redutor de amidoxima mitocondrial (mARC) foi descoberto recentemente. Sua estrutura e sua alta abundância no fígado e nos rins sugere um papel na desintoxicação.

Uso Clínico Do Molibdênio

O molibdênio tem sido usado clinicamente para tratar a doença de Wilson, uma doença hereditária rara caracterizada pelo acúmulo de cobre no fígado devido à dificuldade de sua eliminação. Nesta condição, o cobre pode circular e se acumular nos tecidos, e causar danos ao fígado, complicações neurológicas e danos cerebrais.

O uso de molibdênio na forma tetratiomolibdato, administrado por meio dos alimentos ou pela corrente sanguínea, pode formar um forte complexo com cobre e proteína, prevenindo a absorção de cobre e sua toxicidade.

Além disso, esta forma de molibdênio despertou o interesse científico para terapias antitumoral. Isso porque o cobre promove a angiogênese, um processo de formação de novos vasos sanguíneos que está ligado à cura e ao crescimento, mas também ao desenvolvimento de doenças como o câncer. Estudos pré-clínicos até o momento têm sido geralmente promissores, mostrando que o tetratiomolibdato pode reduzir a angiogênese e a proliferação de células cancerosas.

O tetratiomolibdato também demonstrou potencial para inibir as citocinas pró-fibróticas e pró-inflamatórias, levando à investigação de sua eficiência no tratamento de doenças como artrite e esclerose múltipla.

O cofator de molibdênio (Moco) também tem demonstrado benefícios promissores. Um exemplo é o caso da bebê australiana diagnosticada com deficiência do cofator de molibdênio, uma doença hereditária recessiva rara e fatal. Nesta condição, as atividades enzimáticas dependentes do molibdênio são comprometidas e os sintomas negativos surgem logo após o nascimento, quando o metabolismo do bebê começa a funcionar. A partir de então, metabólitos tóxicos – principalmente sulfitos, originados pela degradação de aminoácidos que contêm enxofre –, passam a se acumular no organismo, e afetam inclusive o funcionamento neurológico.

A bebê australiana mencionada estava sofrendo degeneração cerebral por excesso de sulfito tóxico no organismo, cujos níveis eram 30 vezes maiores que o normal, e realizou com sucesso um tratamento desenvolvido pela Universidade de Colônia, na Alemanha, que até então tinha sido testado apenas em camundongos. 

Perigos Relacionados À Falta Ou Excesso De Molibdênio

Molibdênio

A deficiência de molibdênio é rara, pois trata-se de um nutriente necessário em poucas quantidades e que pode ser obtido a partir de diversos alimentos. No entanto, problemas de carência de molibdênio podem ocorrer em função de deficiência adquirida ou por questões hereditárias.

A falha na funcionalidade do molibdênio pode ocorrer a partir de defeitos genéticos em enzimas que produzem Moco (cofator de molibdênio). Como o cofator de molibdênio é sintetizado por meio de um processo de várias etapas, mutações em qualquer uma das enzimas envolvidas em sua síntese prejudicam a atividade de todas as enzimas que precisam de molibdênio.

Vale lembrar que a deficiência do cofator de molibdênio leva ao acúmulo de metabólitos tóxicos, particularmente o sulfito, que por sua vez causa danos neurológicos, convulsões e morte na primeira infância.

Embora o molibdênio possa ser muito tóxico para alguns animais, não parece apresentar um risco grave de toxicidade para os humanos em níveis moderados. Porém, em doses muito altas – o que pode ocorrer com o uso de suplementos sem orientação médica –, pode gerar problemas de crescimento, alterações nos tecidos, problemas renais, anormalidades reprodutivas, deformidade óssea e anemia.

Além disso, seja por meio da alimentação e suplementação ou exposição à poluentes industriais, altos níveis de molibdênio podem causar ou agravar a gota, bem como reduzir o teor de cobre nos tecidos corporais ao ponto de causar deficiência de cobre.

Mesmo sendo um caso atípico, um estudo relatou o efeito da alta ingestão de molibdênio na dieta em habitantes de áreas da Armênia, onde as quantidades deste nutriente na dieta são muito elevadas devido aos seus altos níveis no solo. Nestas pessoas, foram observados níveis elevados de ácido úrico sérico, dores articulares, sintomas semelhantes a gota e elevação de molibdênio no sangue.

História Do Molibdênio

O molibdênio foi descoberto no ano de 1778 por um químico sueco chamado Karl Scheele, que inicialmente o confundiu com o chumbo. Quando percebeu que se tratava de um novo elemento, o chamou de molibdênio em homenagem ao mineral molibdenita, que tem seu nome enraizado na palavra grega “molibdos”, que significa “semelhante ao chumbo”.

Na década de 1930, foi reconhecido que a ingestão de grandes quantidades de molibdênio pelo gado causava condições debilitantes. E foi na década de 1950 que foram descobertas as primeiras enzimas contendo molibdênio, tornando mais clara a sua importância.

Alimentos Ricos Em Molibdênio

Molibdênio

Confira algumas boas fontes de molibdênio que podem ser incluídas facilmente na sua alimentação:

  • Lentilha
  • Ervilha
  • Feijões
  • Leite
  • Iogurte
  • Aveia
  • Ovos
  • Nozes
  • Tomate
  • Folhas verde-escuras

Considerações Finais

O molibdênio é um mineral importante para o metabolismo, processos enzimáticos e eliminação de toxinas. Pode ser obtido facilmente a partir dos alimentos como lentilha, feijões, ervilha, aveia, folhas verde-escuras, lácteos e outros. É mais seguro ingeri-lo por meio da dieta do que pela suplementação, visto que sua alta dosagem pode gerar consequências como a deficiência de cobre e prejuízos na metabolização do ferro.

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Até a próxima!


Sobre o autor

Mateus Kurek Pagliosa

Mateus Kurek Pagliosa

Mateus Kurek Pagliosa é escritor, curioso e pesquisador de informações úteis para o bem-estar físico e mental. Analisa artigos científicos e participa de palestras e eventos voltados para a nutrição funcional, saúde e qualidade de vida. Está envolvido com a produção, revisão e supervisão de conteúdo divulgado pelo Novidade Saudável.

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