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Óleo de Coco faz mal? Aqui está o que você precisa saber sobre gordura saturada

Escrito por   | 27 de agosto de 2018

Antes de descobrir se o óleo de coco faz mal, é importante conhecer um breve histórico sobre gordura saturada que pode ser uma fonte de energia saudável quando obtida de fontes de ótima qualidade.

Por Spencer Brooks (15 de agosto de 2018)

Direto ao Ponto:

  • Desde 1960, a gordura saturada tem tido uma reputação de causar doença cardíaca e obesidade. Acontece que isso não é verdade.
  • A má reputação da gordura saturada ocorreu devido a pesquisas incompletas e conclusões antecipadas de formuladores de políticas públicas. Hoje sabemos que houve até uma tentativa da indústria do açúcar refinado de fazer a gordura saturada parecer pior à saúde do que o açúcar.
  • A gordura saturada é essencial para as funções cerebrais e para a integridade das membranas celulares, e é uma boa fonte de energia – desde que a gordura seja obtida de fontes de altíssima qualidade.

Fatos e mitos sobre a gordura saturada

Você provavelmente cresceu ouvindo que gordura saturada é ruim para você – que ela prejudica o coração e causa ganho de peso. A gordura, especialmente a saturada, tem sido rotulada como não saudável desde 1960, graças a uma combinação de pesquisas incompletas e conclusões prematuras de formuladores de políticas públicas. Houve até um esforço de determinado seguimento da indústria alimentar para demonizar a gordura saturada.

Agora as pesquisas estão finalmente mostrando que uma dieta rica em gordura apresenta muitos benefícios para a saúde e que a gordura saturada não é a gordura ruim que está por trás das epidemias de obesidade e doenças cardíacas que estão assombrando o mundo ocidental.

Segue aqui uma visão sobre porque a gordura saturada tem sido demonizada como “não saudável” por mais de 50 anos e o que as novas pesquisas dizem sobre gordura saturada.

Como a gordura saturada ganhou uma reputação tão ruim?

A reputação ruim da gordura saturada começou antes de 1960 quando o presidente dos Estados Unidos Dwight Eisenhower teve um ataque cardíaco em 1955. A saúde do coração virou prioridade e os melhores pesquisadores do governo ficaram desesperados para encontrar uma solução para a crescente taxa de doença cardíaca.

A resposta veio de um cientista chamado Ancel Keys. Ele tinha feito algumas pesquisas preliminares sobre a possível conexão entre o consumo de gordura saturada e as doenças cardíacas. Keys desenvolveu sua “hipótese dieta-coração” e divulgou para o público: a gordura saturada de ovos, carne vermelha, manteiga e laticínios está entupindo as artérias da nação. A solução era seguir uma dieta baixa em gordura saturada e consumir como a maior parte da ingestão diária de gordura o ômega-6, presente em óleos vegetais.

Keys era carismático e politicamente esclarecido. Ele apresentou seus resultados (os quais, lembre-se, eram preliminares) com absoluta convicção. Ele também ridicularizou publicamente qualquer hipótese contrária a sua. A combinação de confiança e carisma de Keys ganhou o carinho da nação, e o governo começou a recomendar uma dieta baixa em gordura com o mínimo possível de gordura saturada.

O problema, que agora está se tornando claro para o público em geral, é que a pesquisa de Ancel Keys foi profundamente falha. Ele combinou estudos mal feitos com análises estatísticas equivocadas e anunciou suas descobertas como verdades absolutas. Outros pesquisadores alertaram sobre as controvérsias nas pesquisas de Keys quase imediatamente, mas suas críticas não ganharam atenção suficiente para os informativos públicos pararem de divulgar a “hipótese dieta-coração” de Keys. Os cientistas ainda hoje estão descobrindo as inconsistências e os erros nas pesquisas de Keys e tentando remodelar as ideias que as pessoas têm sobre gordura saturada.

Lobistas da poderosa indústria do açúcar também fizeram a gordura saturada parecer ruim

A Sugar Research Foundation (SRF), um importante grupo de lobistas da indústria açucareira, estava fazendo sua própria pesquisa sobre doenças cardíacas entre 1950 e 1960.

Os dados não se adequavam ao que era esperado pela SRF: os pesquisadores encontraram uma forte correlação entre o consumo de açúcar, doenças cardíacas e câncer. Mas, em vez de relatar suas descobertas, a SRF escreveu um artigo de revisão em 1965 que destacava a gordura saturada como ruim, dizendo que ela era a principal responsável pelos ataques cardíacos, sem mencionar o açúcar.

A SRF também patrocinou um programa de pesquisa nos anos 60 e 70 que minimizou o papel do açúcar nas doenças cardíacas e divulgou a gordura saturada como a causa das doenças cardíacas.

Isso pode soar como uma teoria da conspiração, mas não é. No início dos anos 2000, os pesquisadores obtiveram acesso aos documentos internos da SRF e descobriram que a SRF estava escondendo intencionalmente evidências da ligação entre o açúcar e as doenças cardíacas, enquanto demonizavam ao máximo possível a gordura saturada. Pesquisadores publicaram um documento em 2016 detalhando todo o caso.

A conclusão? “Os comitês de elaboração de políticas públicas devem considerar … estudos que avaliem o efeito dos açúcares em biomarcadores de doenças coronárias e no desenvolvimento de doenças.”

Em outras palavras, é hora de dar uma olhada mais de perto no papel do açúcar na doença cardíaca – especialmente quando você considera que as taxas de obesidade aumentaram além das expectativas de qualquer pessoa, década após década, desde 1960. [4]

Dieta, gordura saturada, açúcar e testosterona

Observação interessante para os homens: um estudo de 2007, que rastreou a testosterona em homens desde meados dos anos 80, descobriu que o nível médio de testosterona sérica nos homens também caiu cerca de 1% ao ano [5] – durante um período em que as dietas com baixo teor de gordura eram cada vez mais comuns. Considerando que o açúcar diminui drasticamente os níveis de testosterona, [6] e que o colesterol é o alicerce dos hormônios sexuais, há um forte argumento para cortar o açúcar e aumentar a ingestão de gordura.

O que diz a ciência

Nos últimos dez anos, quatro artigos de revisão independentes de grande escala (um incluindo dados de mais de meio milhão de participantes) não encontraram nenhuma ligação entre gordura saturada e doença cardíaca. [7] [8] [9] [10] [11]

Um estudo de 22 anos sobre o consumo de gorduras saturadas lácteas não encontrou diferenças no risco de doenças cardíacas entre pessoas que seguem uma dieta de alto teor de gordura e as que seguem uma dieta com baixo teor de gordura. [12] Na verdade, as pessoas que ingeriram mais manteiga apresentaram níveis significativamente mais altos de ácido heptadecanóico, um componente saturado da gordura butírica, e um risco 42% menor de derrame.

Outro estudo (este foi feito em golfinhos, não em humanos, mas ainda é interessante) descobriu que o ácido heptadecanóico reverte pré-diabetes e disfunção metabólica. [13]

E quando você considera os estudos mais antigos que encontraram uma ligação entre a gordura saturada e as doenças cardíacas, vale a pena observar de onde os americanos obtêm a gordura saturada. Vamos detalhar esse gráfico, adaptado dos dados do governo nacional: [14]

 

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  • 37,5% da ingestão de gordura saturada dos americanos vem de pizza, sorvete e sobremesas a base de grãos como cookies e bolos, carnes processadas, tortilhas, batata frita, pratos a base de massas, doces e chips.
  • 24,5% vem de “todas as outras categorias”.
  • Apenas 24% da ingestão de gordura saturada dos americanos vem de comida de verdade como carnes, ovos, queijo, manteiga e nozes.

O que nos leva a pergunta: é a gordura saturada mesmo que está relacionada a doença cardíaca? Ou é o fato de que a gordura saturada está vindo de alimentos processados, como pizza, sorvete, cookies, bolo e doces?

Esse é o problema com estudos correlacionais. Há tantos fatores contraditórios que é quase impossível chegar a uma conclusão significativa.

Outros pesquisadores tentaram encontrar a relação entre gordura saturada e doença cardíaca em ratos (é difícil fazer em humanos, porque você não pode simplesmente começar a alimentar as pessoas com o objetivo de ver se elas se tornarão obesas e morrerão). Geralmente, camundongos com uma dieta rica em gordura saturada ganhavam toneladas de peso e desenvolviam problemas cardíacos … Mas os camundongos evoluíram para comer grãos, não gordura, e notoriamente reagem mal a dietas ricas em gordura. Para citar os autores em um estudo recente [15]:

“O camundongo alimentado com uma dieta de alto teor de gordura é um modelo amplamente investigado de obesidade, resistência à insulina e suscetibilidade a diabetes… Quando submetido a uma dieta com alto teor de gordura, mostra aumento de consumo de calorias, aumento da eficiência de estocagem de gordura (ganho de peso / calorias) e resistência à insulina. Como modelo de obesidade humana e resistência à insulina, no entanto, ele sofre da limitação severa, embora subestimada, de que as dietas ricas em gordura geralmente não causam essas condições em humanos, a menos que as dietas também sejam ricas em carboidratos”.

Em outras palavras, é difícil estudar a gordura saturada e as cardiopatias em camundongos e tirar conclusões significativas para humanos.

É frustrante observar que a gordura saturada seja rotulada de forma tão conclusiva quanto uma causa de doença cardíaca quando os estudos nutricionais sobre gordura saturada são, na melhor das hipóteses, questionáveis ​​e, na pior das hipóteses, francamente enganosos. Na verdade, há um fato sólido que prova que gordura saturada é muito boa para você.

Óleo de coco faz mal?

Embora algumas pessoas acreditem que o óleo de coco faz mal, na verdade esse tipo de gordura saturada apresenta diversos benefícios à saúde que são cientificamente comprovados, como melhora do metabolismo, perda de peso, proteção contra infecções, melhora da saúde da pele e dos cabelos, melhora da saúde cerebral e cardíaca, além de ser uma ótima alternativa para uso culinário.

Melhora do metabolismo

O óleo de coco contém triglicerídeos de cadeia média (TCM), que são metabolizados de maneira diferente, podendo ter efeitos positivos no metabolismo.

Ajuda na perda de peso

Alguns estudos sugerem que os TCM do óleo de coco podem aumentar a queima de calorias e a saciedade, contribuindo para a perda de peso.

Protege contra infecções

O ácido láurico presente no óleo de coco pode ajudar a eliminar bactérias, vírus e fungos, o que pode ajudar a proteger contra infecções.

Melhora na saúde da pele e cabelo

O óleo de coco é frequentemente usado como um hidratante natural para melhorar a saúde da pele e cabelos.

Auxilio na saúde do coração

Alguns estudos sugerem que o óleo de coco pode ajudar a elevar os níveis de colesterol HDL (bom) no sangue, contribuindo para a saúde do coração.

Melhora da função cerebral

Existem evidências de que os TCM do óleo de coco podem fornecer uma fonte de energia para o cérebro, o que pode ser benéfico para pessoas com distúrbios de memória, como Alzheimer.

Uso na culinária

O óleo de coco é uma boa opção para cozinhar em altas temperaturas devido ao seu ponto de fumaça.

Desse modo, o óleo de coco faz mal se não for usado com moderação, pois é rico em calorias e gorduras saturadas. A recomendação é integrá-lo a uma dieta equilibrada e consulta um profissional de saúde para uma consulta personalizada.

Algumas boas razões para comer gordura saturada

A gordura saturada tem algumas características únicas que a tornam um componente valioso para a sua dieta. É a mais estável de todas as gorduras, o que a torna essencial para manter as membranas celulares fortes. A gordura saturada forma quase 50% de todas as membranas celulares do seu corpo, e a maioria das gorduras no cérebro são saturadas. [16]

A estabilidade da gordura saturada também a torna uma gordura ideal para cozinhar. Gorduras mais frágeis, como o ômega-3, o ômega-6, e as gorduras monoinsaturadas se rompem e se tornam inflamatórias quando você as expõe ao calor. Gorduras saturadas como banha, óleo de coco e manteiga ghee, por outro lado, mantêm sua integridade mesmo quando você as aquece a temperaturas próximas a 204 graus Celsius. São perfeitas para frituras e assados.

Além disso, a gordura saturada é uma fonte sólida de energia – especialmente se você não estiver ingerindo muitos carboidratos -, e ela está presente em muitos alimentos deliciosos e ricos em nutrientes. Fontes saudáveis de gordura saturada incluem:

– Carne de gado grassfed
– Manteiga proveniente de gado grassfed
– Laticínios integrais provenientes de gado grassfed (isso se você tolerar bem a digestão de lácteos)
– Ovos orgânicos
– Gordura de porco grassfed, incluindo bacon
Óleo de coco

Portanto, estudos mostram que comer gordura saturada de boas fontes pode integrar uma boa dieta alimentar, tornando-se uma ótima e até mesmo deliciosa fonte de energia que facilmente se encaixa em uma dieta rica em gordura e baixo teor de carboidratos – características comuns à dieta cetogênica.

E você, o que acha e o que sente quando (e se) tem o hábito de consumir gordura saturada de boa qualidade? Vamos adorar conhecer a tua experiência.

Artigo baseado na tradução do seguinte artigohttps://blog.bulletproof.com/is-saturated-fat-bad/?utm_source=novidade%20saudavel 

Referências

[1] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/13441073

[2] http://www.scirp.org/(S(351jmbntvnsjt1aadkposzje))/journal/PaperInformation.aspx?PaperID=50455
[3] https://jamanetwork.com/journals/jamainternalmedicine/article-abstract/2548255
[4] https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0002934306006747

[5] https://academic.oup.com/jcem/article/92/1/196/2598434
[6] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22804876
[7] https://www.cambridge.org/core/journals/british-journal-of-nutrition/article/n6-fatty-acidspecific-and-mixed-polyunsaturate-dietary-interventions-have-different-effects-on-chd-risk-a-metaanalysis-of-randomised-controlled-trials/938F3F74E18033ED061F7D8CEAB0A24A/core-reader
[8] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4836695/
[9] http://annals.org/aim/article-abstract/1846638/association-dietary-circulating-supplement-fatty-acids-coronary-risk-systematic-review
[10] https://nutritionj.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12937-017-0254-5
[11] https://academic.oup.com/ajcn/advance-article-abstract/doi/10.1093/ajcn/nqy117/5052139?redirectedFrom=fulltext
[12] https://academic.oup.com/ajcn/advance-article-abstract/doi/10.1093/ajcn/nqy117/5052139?redirectedFrom=fulltext
[13] http://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0132117
[14] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3546624/
[15] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3488544/
[16] https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK21054/


Sobre o autor

Everton Souza

Everton Souza

Everton Souza é escritor, maratonista, atleta amador de duathlon, entusiasta de ayurveda e aromaterapia. Investigador da nutrição funcional, Everton analisa estudos científicos, participa de feiras e eventos de nutrição, alimentação e suplementação, além de outras técnicas para Pesquisa & Desenvolvimento de Produtos, usando suas aprendizagens para escrever e revisar textos para o Novidade Saudável.

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