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Existe relação entre alimentação e o câncer de mama?

Escrito por   | 23 de março de 2023

De mulher para mulher, uma preocupação que nos acompanha é o câncer de mama, uma doença heterogênea que no Brasil é o tumor maligno que mais acomete mulheres desde 1979, com exceção aos tumores de pele não melanoma. Sabe-se que a obesidade e certas exposições alimentares elevam o estresse oxidativo, fenômeno atrelado ao surgimento e a recidiva do câncer de mama.

O estresse oxidativo é o termo empregado para designar o desequilíbrio entre oxidantes e antioxidantes a favor dos oxidantes, o que leva à interrupção da sinalização e do controle do equilíbrio, tendo como resultado o dano molecular. Fatores como o envelhecimento e padrões alimentares inadequados podem intensificar o estresse oxidativo e, assim, os danos celulares. Estima-se que cerca de um terço das neoplasias causadas por mutações celulares poderiam ser evitadas por mudanças no estilo de vida, o que inclui melhora na alimentação através de uma dieta rica em alimentos de origem vegetal.

Existe relação entre alimentação e o câncer de mama?

Devido a essa associação, pesquisadores internacionais apresentam recomendações atualizadas frequentemente, principalmente relacionadas ao consumo alimentar e atividade física, em um documento intitulado “Dieta, Atividade Física e Câncer: uma perspectiva global”, que compreende um conjunto mundial de evidências sobre proteção e sobrevivência do câncer. Compõem as 10 recomendações para a prevenção do câncer:

1) estar com o peso corporal saudável;

2) ser fisicamente ativo;

3) ingerir uma dieta rica em grãos integrais, vegetais, frutas e leguminosas;

4) limitar o consumo de “fast food” e outros alimentos processados ricos em gordura, amido e açúcar;

5) limitar o consumo de carne vermelha e processada e, complemento, se possível, retire as carnes processadas da sua dieta;

6) limitar o consumo de açúcar e bebidas açucaradas;

7) limitar o consumo de álcool;

8) não utilizar suplementos nutricionais sem orientação para a prevenção de câncer;

9) para as mães, amamentar o(s) filho(s), se for possível;

10) depois do diagnóstico de câncer, seguir todas essas recomendações citadas.

A adesão adequada às recomendações parece resultar em melhora das concentrações de biomarcadores de estresse oxidativo, redução do risco, incidência e recidiva do câncer de mama. Sendo assim, no sul do Brasil, pesquisas desenvolvidas por nutricionistas na Universidade Federal de Santa Catarina sobre Nutrição e Câncer de Mama apontam que um score elevado nas recomendações relatadas anteriormente antes do tratamento adjuvante parece conferir maior proteção contra o estresse oxidativo exacerbado durante o tratamento do câncer de mama. A adesão adequada às recomendações também parece melhorar a expectativa de vida das pacientes.

No trabalho que desenvolvi no grupo de pesquisa citado acima, dois grupos de mulheres diagnosticadas com câncer de mama foram analisados: grupo comparação, composto por mulheres submetidas à quimioterapia e/ou radioterapia; e grupo intervenção, que compreendeu mulheres igualmente submetidas ao tratamento oncológico (quimioterapia e/ou radioterapia), mas que participaram intervenção nutricional educativa durante o tratamento em um período de 12 meses.

alimentação e o câncer de mama

Os resultados dessa pesquisa indicaram aumento significativo na concentração de marcadores de estresse oxidativo no grupo comparação após o tratamento antineoplásico. Em contrapartida, no grupo intervenção, não houveram diferenças estatísticas significativas desses biomarcadores após o tratamento. Concentrações muito elevadas de espécies reativas de oxigênio promovem a progressão do câncer e provocam ainda mais instabilidade genômica nas células, o que favorece a metástase do tumor.

Nesse sentido, reduzir o estresse oxidativo pode ser uma estratégia capaz de beneficiar o prognóstico do paciente. Alguns componentes da dieta, com destaque aos fitoquímicos, demonstram efeitos positivos sobre a redução do estresse oxidativo e, assim, ações sobre quimioprevenção, anti-proliferação, anti-migração e anti-invasão das células cancerosas sobre células sadias.

Dessa forma, além dos agentes terapêuticos tradicionais, no tratamento adjuvante também deve-se administrar uma terapia nutricional capaz de minimizar a resposta metabólica ao estresse e atenuar o estresse oxidativo nos tecidos saudáveis.

Todas as recomendações são simples e possíveis de serem colocadas em prática. Procure ajuda de um profissional habilitado para te ajudar na prevenção de doenças, ter mais saúde e bem-estar.

Acesse e veja mais artigos como este no blog do Novidade Saudável.


Sobre o autor

Cecília Cesa Schiavon

Cecília Cesa Schiavon

Nutricionista

Cecília é nutricionista, mestre em nutrição e doutora em ciências da saúde. Realizou diversas publicações sobre nutrição em casos de câncer de mama, psicologia positiva e síndrome metabólica. Atua na área da nutrição desde 2005 com a intenção de ajudar mulheres na busca de mais saúde, com foco no alívio dos sintomas do ciclo menstrual e menopausa.

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