Entenda A Importância Da Manutenção Dos Níveis De Zinco - Novidade Saudável

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Entenda A Importância Da Manutenção Dos Níveis De Zinco

Escrito por   | 30 de setembro de 2021

Um recipiente raso contendo grão de bico ao lado de uma abóbora, sendo ambos alimentos fontes de zinco

O zinco possui múltiplas funções na saúde, como a síntese de proteínas, manutenção da defesa imunológica, produção hormonal, circulação sanguínea, digestão, controle do colesterol, qualidade do sono e muito mais. Desta forma, sua deficiência está associada a problemas como fadiga, fraqueza, estresse elevado, dificuldades de memorização e concentração, alteração do apetite, dificuldades no controle de peso, entre outros.

Neste artigo, falaremos sobre as principais características que tornam o zinco um mineral indispensável, os riscos de sua deficiência e alimentos que o oferecem em ótimas quantidades.

Confira!

O Que É O Zinco?

Vista de cima de um recipiente contendo cacau em pó, uma boa fonte de zinco, com pedaços de chocolate

O zinco é um mineral presente em todos os tecidos do corpo e que possui três funções biológicas primárias: catalítica, estrutural e regulatória.

Por exemplo, é um constituinte estrutural de várias proteínas, inclusive de fatores de crescimento, citocinas, receptores, enzimas e fatores de transcrição para diferentes vias de sinalização celular. Também é necessário para processos de divisão celular, síntese de DNA, digestão, equilíbrio hormonal, combate a inflamações, infecções e radicais livres – colaborando, assim, com a imunidade e prevenção do envelhecimento precoce.

O zinco é o segundo mineral mais abundante no corpo humano, ficando atrás apenas do ferro. É um elemento essencial para os sentidos do paladar e do olfato, e apoia o crescimento e o desenvolvimento normais durante os períodos de gravidez, infância e adolescência. No entanto, sua deficiência pode gerar graves desequilíbrios, como comprometimento da função imunológica, infertilidade, diabetes, cansaço frequente, dificuldades de cicatrização da pele, problemas de desenvolvimento, distúrbios gastrointestinais, falhas cognitivas, entre outros.

Infelizmente, a deficiência de zinco é bastante comum, afetando até um quarto da população nos países em desenvolvimento, mas também populações distintas no mundo, sendo geralmente resultado do estilo de vida, idade avançada e fatores mediados por doenças crônicas, como cirrose hepática e inflamação intestinal.

Vale destacar que o corpo humano não possui um sistema específico para o armazenamento de zinco e, por isso, este nutriente precisa ser ingerido diariamente.

Alimentos como sementes de abóbora, grão de bico, cacau, ovos e carnes são opções ricas em zinco e acessíveis para serem incorporados à dieta. Outra maneira de garantir os níveis adequados deste nutriente essencial é por meio de suplementos naturais, desde que sua dosagem seja controlada e adequada a cada tipo de necessidade.

Benefícios Relacionados Ao Zinco

Mulher sorrindo olhando para o lado, representando bem-estar gerado pela manutenção dos níveis de zinco no organismo

Imunidade

O zinco tem papel fundamental e complexo na imunidade. Participa do controle da inflamação, da produção de anticorpos e beneficia a função dos macrófagos, neutrófilos e linfócitos (natural killers). Por isso, é um importante elemento para a eliminação de patógenos, prevenção de danos aos tecidos e respostas inflamatórias elevadas.

O zinco também pode ajudar no desenvolvimento de células imunológicas. Além disso, enquanto favorece a resposta imunológica, ajuda o corpo a retomar a homeostase.

Assim, o tratamento com zinco aplicado em uma dose terapêutica e na forma correta tem o potencial de beneficiar significativamente o combate a infecções virais crônicas e agudas. Este papel antiviral pode partir de sua suplementação, que pode ser útil para melhorar a imunidade sistêmica em pacientes com deficiência de zinco, bem como para tratamentos com a finalidade de inibir, especificamente, a replicação viral e sintomas e patologias relacionados à infecção.

O zinco está associado a uma melhor resistência a resfriados, e cura mais acelerada desta doença comum do cotidiano. Um estudo concluiu que, quando os suplementos de zinco eram administrados dentro de 24 horas após o início dos sintomas de resfriado, a duração dos sintomas foi significativamente encurtada em comparação com o grupo de controle que não realizou a suplementação.

Indivíduos com baixos níveis de zinco mostraram redução na resposta de proliferação de linfócitos aos mitógenos e outras alterações adversas na imunidade que podem ser corrigidas pela suplementação de zinco [ 1 , 2 ]. Essas alterações na função imunológica podem explicar o motivo do baixo nível de zinco ter sido associado ao aumento da suscetibilidade à pneumonia e outras infecções em crianças em países em desenvolvimento e idosos [ 3 , 4 ].

Ação antioxidante

O estresse oxidativo é conhecido por contribuir com o surgimento de muitas doenças crônicas, e o potencial antioxidante do zinco também é uma propriedade que ganha destaque. Sua ação no organismo previne danos causados pelo estresse oxidativo em todas as fases da vida, além de apoiar a divisão celular e impedir que ocorram mutações em células cancerígenas.

Junto com outros elementos, o zinco beneficia a ação de antioxidantes enzimáticos, como a superóxido dismutase (SOD). Além disso, o zinco induz a produção de metalotioneínas (MTS) – que são excelentes eliminadores de radicais livres devido ao alto teor de cisteína [ 5 ] -, e antagoniza metais de transição, como cobre e ferro, que podem catalisar a formação de radicais livres.

Um estudo sobre a suplementação de gluconato de zinco durante de 12 meses envolveu 50 indivíduos com idade entre 55 e 87 anos e verificou efeitos positivos na incidência de infecções, nas citocinas e marcadores de estresse oxidativo, destacando seu potencial antioxidante e anti-inflamatório.

Uma revisão sobre o papel do zinco na prevenção de danos oxidativos nas células mostrou que a suplementação de zinco está associada à diminuição da formação de radicais livres, proporcionando efeitos benéficos, especialmente, contra o envelhecimento e a diabetes mellitus.

O potencial antioxidante do zinco também reduz a presença de radicais livres presentes no fígado e, junto com sua ação anti-inflamatória, acaba ajudando na absorção de nutrientes e permitindo a eliminação adequada de resíduos.

A relação entre zinco e diabetes

A diabetes afeta a homeostase do zinco de várias maneiras, e diversos estudos investigam o potencial favorável deste mineral em casos de diabetes tipo 1 e 2. Porém, seus resultados não são totalmente elucidativos.

Sabe-se que o zinco cumpre um papel claro na síntese, armazenamento e secreção de insulina, e sua deficiência pode afetar esta importante função, particularmente em casos de diabetes tipo 2. Além disso, um estudo sugeriu que várias das complicações do diabetes podem estar relacionadas ao aumento de oxidantes intracelulares e radicais livres associados a diminuições de zinco intracelular e de enzimas antioxidantes que dependem do zinco. Ainda assim, estudos pontuam que há necessidade de continuidade da investigação sobre o papel do zinco no manejo clínico do diabetes.

Uma revisão sistemática abrangente e meta-análises sobre os efeitos da suplementação de zinco em pessoas com diabetes identificou efeitos benéficos no controle glicêmico e melhoria de parâmetros lipídicos, além de reduções significativas nas pressões sanguíneas sistólica e diastólica.

Porém a mesma revisão aponta que mais estudos são necessários para identificar os mecanismos biológicos exatos responsáveis ​​por esses resultados.

Saúde cardiovascular

Para o sistema cardiovascular, o zinco também é especial. É um mineral que, além de seu potencial anti-inflamatório e antioxidante, beneficia o controle da pressão e do colesterol, ajudando na prevenção de problemas relacionados às artérias e otimizando a circulação sanguínea.

O zinco também promove melhores condições para que o revestimento dos vasos sanguíneos, o endotélio, seja mantido de maneira adequada.

Fertilidade

O zinco é necessário para o equilíbrio de hormônios que beneficiam a fertilidade, como a testosterona e o estrogênio, além de estar envolvido na criação e liberação de óvulos. Por isso, sua deficiência está associada a baixa da libido e menor fertilidade.

Desta forma, o zinco também contribui para o aumento do desejo sexual para homens. Um estudo realizado pelo Departamento de Medicina Interna da Wayne University, mostrou que após 20 semanas de restrição de zinco, a suplementação de zinco aumentou a testosterona sérica na maioria dos homens.

Saúde digestiva

Vários mecanismos específicos do sistema gastrointestinal são favorecidos pelo zinco, incluindo o auxílio da absorção e digestão de nutrientes. Ele também é importante para que a síntese de proteínas e a utilização de aminoácidos ocorram de maneira adequada no corpo, bem como para a quebra de carboidratos – o que contribui para a obtenção de energia e, portanto, ajuda a evitar problemas como a fadiga.

Entre os benefícios para a saúde digestiva promovidos por este mineral, também estão a restauração da integridade da barreira mucosa e a produção de anticorpos e linfócitos circulantes contra patógenos intestinais.

Inclusive, a deficiência de zinco causa alterações na resposta imunológica que provavelmente contribuem para o aumento da suscetibilidade a infecções, como as que causam diarreia, especialmente em crianças [ 1 ]. Estudos mostram que crianças pobres e desnutridas na Índia, África, América do Sul e Sudeste Asiático apresentam ciclos mais curtos de diarreia infecciosa depois de tomar suplementos de zinco [ 6 ]. 

Vale destacar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a suplementação de zinco de curto prazo para tratar a diarreia infantil aguda (20 mg por dia, ou 10 mg para crianças menores de 6 meses, de 10 a 14 dias).

Saúde dos olhos

Pesquisas sugerem que o zinco ajuda a retardar a progressão da degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e perda de visão, possivelmente evitando danos celulares na retina [ 7 , 8 ]. 

O Age-Related Eye Disease Study, um grande ensaio clínico randomizado e controlado por placebo, avaliou o efeito de altas doses de antioxidantes selecionados (500 mg de vitamina C, 400 UI de vitamina E e 15 mg de beta-caroteno) com ou sem zinco (80 mg como óxido de zinco) no desenvolvimento de DMRI avançada em idosos com graus variados de DMRI [ 8 ].

Após um período médio de acompanhamento de 6,3 anos, a suplementação com antioxidantes combinados com zinco reduziu significativamente o risco de desenvolver DMRI avançada, e também reduziu a perda de acuidade visual. Vale destacar que a suplementação de zinco por si só reduziu significativamente o risco de desenvolver DMRI avançada em indivíduos com maior risco, mas não na população total do estudo.

Saúde da pele

Como mencionado, o zinco tem importância fundamental para a saúde dos tecidos humanos, e está envolvido com processos importantes de desenvolvimento, diferenciação e crescimento de vários tecidos. Além disso, participa da formação do colágeno, proteína estrutural importante para a manutenção da saúde da pele, unha, cabelos, músculos, ossos, ligamentos e articulações.

A pele é o terceiro tecido com maior abundância de zinco no corpo, e diversos distúrbios cutâneos são causados ​​por mutações ou desregulação nos transportadores deste mineral. Além disso, a deficiência de zinco adquirida está ligada ao desenvolvimento de problemas como retardo na cicatrização de feridas, pelagra, deficiência de biotina, acrodermatite enteropática adquirida, eritema necrolítico migratório e alopecia. [ 9 ]

Vale ressaltar que o apoio ao sistema imunológico proporcionado pelo zinco também pode limitar a suscetibilidade da pele a infecções durante processos de cicatrização.

Sintomas Da Deficiência De Zinco

Mulher assoando o nariz, representando resfriado que é um sintoma gerado pela deficiência de zinco

A deficiência de zinco ocorre devido à baixa ingestão de alimentos que o contenham, com riscos maiores para dietas vegetarianas e veganas, ou em função de problemas de absorção e assimilação, como os causados por distúrbios digestivos ou intestinais.

O consumo excessivo de álcool, o uso de anticoncepcionais e tratamentos de reposição hormonal também são fatores que podem prejudicar os níveis de zinco no organismo.

Também é preciso ter atenção sobre a interação do zinco com o ferro no organismo, já que, em grandes quantidades – quando ingerido por meio de suplementos em doses maiores que 25 mg –, o ferro pode diminuir a absorção de zinco.

Vale destacar que mulheres grávidas, lactantes e bebês amamentados devem garantir seus níveis de zinco, a fim de não comprometer o desenvolvimento normal das crianças.

De acordo com a OMS, a deficiência de zinco é atualmente a quinta causa de mortalidade e morbidade nos países em desenvolvimento. Estima-se que afete cerca de um terço da população mundial. Em todo o mundo, a deficiência de zinco é responsável por aproximadamente 16% das infecções do trato respiratório inferior, 18% da malária e 10% das doenças diarreicas. Embora a deficiência grave de zinco seja rara, a deficiência leve a moderada é mais comum em todo o mundo [ 10 , 11 ].

Confira os principais sintomas relacionados à deficiência de zinco:

  • Alteração no apetite
  • Ganho ou perda de peso
  • Queda de cabelo
  • Problemas digestivos, incluindo diarreia
  • Fadiga crônica
  • Infertilidade
  • Problemas hormonais, incluindo piora da TPM ou dos sintomas da menopausa
  • Imunidade desregulada
  • Dificuldades para curar feridas, infecções de pele ou irritação
  • Pouca concentração e memória
  • Disfunção nervosa

Fontes De Zinco

Sementes de abóbora, boas fontes de zinco, em um recipiente de vidro

Confira alguns dos principais alimentos ricos em zinco para adicionar na sua dieta.

    • Ostras
    • Carne de cordeiro, gado, frango e peru criados soltos
    • Grão de bico
    • Sementes de abóbora
    • Iogurte
    • Leite
    • Ovos caipiras
    • Cogumelos
    • Salmão
    • Feijão
    • Ervilha
    • Cacau

Vale lembrar que a suplementação de zinco é uma boa alternativa, desde que orientada por médico, nutricionista ou demais profissionais capacitados, a fim de evitar quaisquer efeitos colaterais relativos à individualidade do organismo ou superdosagens.

Em excesso, o zinco pode interferir na absorção ideal de outros nutrientes, como é o caso do cobre, além de comprometer o sistema imunológico e a formação de células sanguíneas.

No entanto, os efeitos adversos agudos mais comuns relacionados à sua alta ingestão incluem náuseas, vômitos, perda de apetite, cólicas abdominais, diarreia e dor de cabeça.

Considerações Finais

O zinco é um mineral fundamental, que desempenha papéis em diversos sistemas responsáveis pela manutenção e equilíbrio do organismo. Sua deficiência pode acarretar em problemas como fadiga, falta de concentração, desequilíbrio hormonal, imunidade comprometida, entre outros. Por isso, adicioná-lo à dieta por meio de boas fontes, como sementes de abóbora, grão de bico e carnes Grass Fed favorece uma alimentação saudável. Suplementos naturais também são boas alternativas, desde que tenham seu uso e dosagem orientados de maneira adequada.

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Referências:

https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/23994#section=Pharmacology-and-Biochemistry

https://ods.od.nih.gov/factsheets/Zinc-HealthProfessional/

https://draxe.com/nutrition/zinc-benefits/

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6628855/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23775705/

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5490603/

https://portuguese.mercola.com/sites/articles/archive/2019/10/28/antioxidantes.aspx

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/14968932/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22307488/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22515411/

https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/element/Zinc

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17726308/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/10944485/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9701154/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/12730449/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25200490/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/17344507/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26286461/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9550453/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/22515411/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/8875519/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9701163/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16625532/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/11594942/

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5852775/

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/1858720/

https://scholar.google.com/scholar_lookup?title=The+World+Health+Report&publication_year=2002&


Sobre o autor

Mateus Kurek Pagliosa

Mateus Kurek Pagliosa

Mateus Kurek Pagliosa é escritor, curioso e pesquisador de informações úteis para o bem-estar físico e mental. Analisa artigos científicos e participa de palestras e eventos voltados para a nutrição funcional, saúde e qualidade de vida. Está envolvido com a produção, revisão e supervisão de conteúdo divulgado pelo Novidade Saudável.

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